
O Império da Tijuca escolheu a data de hoje (13), dia da abolição da escravatura no Brasil, para anunciar o enredo do próximo carnaval. Em uma live, a escola anunciou: "Samba de Quilombo. A resistência pela raíz" como enredo para 2021, assinado pelo carnavalesco Guilherme Estevão, que estreou em 2020 na agremiação.
A década de 70 marcou um processo de intensas transformações estéticas, políticas e financeiras no carnaval. A crescente mercantilização da festa, a atuação de acadêmicos e intelectuais, em geral brancos, de fora das comunidades na condução dos desfiles, fez com que um grupo de compositores e baluartes, liderados por Candeia, se manifestasse, em 1975, construindo uma escola contra o "sistema", de enredos exclusivamente negros. Um lugar de valorização da identidade do samba, da cultura do morro e suas comunidades, das raízes e do discurso político do negro no Brasil.
Criaram um centro de artes negras; herança de Palmares, semente de Kizomba; a casa do sambista; o espaço de debate pela arte; de manifestações folclóricas, dos ritos, cantos e louvores negros, de afoxés, maracatus, sambas de roda e jongos; da exaltação dos grandes heróis das batalhas por liberdade; da beleza nas coisas simples que só o samba traz, reunindo os verdadeiros pensadores de uma cultura e alguns dos maiores sambistas da história, entre eles Martinho da Vila, Wilson Moreira, Nei Lopes, Monarco, Elton Medeiros, Mauro Duarte, Guilherme de Brito, Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara, Casquinha, Paulinho da Viola e tantos outros baluartes. Criaram o GRANES Quilombo!
Hoje, derrama todo seu axé no Império da Tijuca, que também é resistência e, assim como ele, é protegido por Oxum. O morro da Formiga no carnaval de 2021 faz um "Samba de Quilombo: A resistência pela raiz".